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Botafogo: Morte e Vida Savarino no calor de Moça Bonita

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Foto: Vitor Silva / BFR

0 a 0. Geralmente, um triste placar. Mesmo quando existe a vantagem do empate e tem gosto de vitória, o sabor de um jogo de futebol sem gol é amargo. E dessa forma se encaminhava aquele Nova Iguaçu e Botafogo em Moça Bonita, Bangu. Parecia não haver Jesus que pudesse salvar, que possibilitasse um respiro de alegria numa noite de onda de calor.

Chutes e mais chutes, fracos e fortes, arrancavam tufos de frustração do gramado surrado e seco. A bola parava no goleiro Lucas Maticoli, inclusive um pênalti batido pelo camisa 10 Savarino, lindamente defendido. O craque baixou a cabeça, tristonho. Perder uma chance dessas para um craque é como morrer.

Mas, existe um dia no véu do tempo que vibra com um magnetismo singular. É o dia 11/11, considerado um portal luminoso, uma fresta cósmica onde a energia da transformação pulsa mais intensa. Não sabia disso? Dizem os sábios da numerologia que o número 11 carrega em si a força dos Mestres Espirituais, e, quando dobrado, tal poder se expande, convidando à introspecção e ao despertar. Nasci em um dia 11, porém não 11/11.

É tido como um momento onde o universo pode sussurrar alguns de seus segredos aos mais atentos. Quando o chamado para acessar a espiritualidade grita, pedindo um alinhamento ao propósito de vida. Em todo o mundo, místicos e buscadores aguardam essa data, sabendo que, entre os ponteiros do relógio, há mais do que tempo, há um convite à transformação. O 11/11 é um instante de luz na poeira cósmica, uma ponte para o novo, onde cada escolha tem o potencial de ecoar no infinito.

Foto: Vitor Silva / BFR

E foi no ano de 1996, no dia 11:11, em Maracaibo, na Venezuela, que nasceu aquele que com três dedos mágicos faria poesia no calor de Bangu, morreria e viveria numa noite de lua crescente, no fim de um jogo que poderia desaparecer como só mais um entre tantos. Um imigrante venezuelano.

Naquele fim de jogo, o contra-ataque mais mortal do Brasil em 2024 – finalmente – voltou a funcionar em 2025. Matheus Martins, do campo de defesa, acertou o passe longo na esquerda para o destro camisa 10, o filho de 11/11. Ele arrancou, cheio de vida novamente, levantou a cabeça uma, duas vezes, e viu a esperança entrar na grande área com o sonho no coração, com o grito guardado.

Foto: Vitor Silva / Botafogo

Nunca esquecerei daquela trivela, aos 45 do segundo tempo, da bola girando copiosamente, e do menino Kayke, não como uma águia estadunidense, nem como um condor andino, mas como uma andorinha corajosa, saltando em direção a bola, da maneira como possível era, com o único objetivo de estufar as redes. Fez verão. 1 a 0 Fogão. Vitória.

Naquele dia 6 de fevereiro de 2025, numa mesma noite, um venezuelano virou protagonista literário, não de um livro genial, mas da crônica de um jornalista: Morte e Vida Savarino.

Foto: Vitor Silva / BFR

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